Ao longo da história, não faltam exemplos de que, no Brasil, se alguma coisa não for urgente, mesmo que seja importante, acaba sempre ficando para depois. Só quando o problema se torna crítico é que sua solução ganha prioridade. Foi assim com o dragão da inflação, que já mostrava suas garras desde meados dos anos 1970. Foram necessários vinte anos, seis planos econômicos e uma hiperinflação que superava os 80% ao mês, para que o senso de urgência se impusesse e o governo encarasse a fera para valer. Foi assim, também, com os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro. Só quando a pressão do calendário se tornou insuportável, com duras críticas da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional, é que o Brasil pisou no acelerador. Agora, com a Previdência Social, não é diferente. A Previdência precisou chegar à beira do colapso, para que, enfim, entrasse na agenda de Brasília.
Apesar dos alertas emitidos há duas décadas por estudiosos do assunto, de que a Previdência era uma “bomba-relógio” que deveria ser desarmada o quanto antes, pouco se fez além de empurrá-la um pouquinho para lá, um pouquinho para cá, para evitar que seus estilhaços provocassem danos irreparáveis caso ela explodisse. Nos últimos anos, em particular, não só não se fez nada para resolver o problema como se agravou o quadro, com a incorporação de novas benesses, patrocinadas pelo governo e pelo Congresso Nacional, ao sistema previdenciário. Resultado: o que já era ruim ficou ainda pior. A Previdência foi parar na UTI e se tornou, hoje, o maior imbroglio fiscal do País. “O negócio é crítico mesmo”, diz o economista Roberto Macedo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. “Ninguém teve coragem de enfrentar essa bomba e agora, se não arrumar isso, haverá um caos nas finanças públicas e o governo vai enfrentar dificuldade até para rolar sua dívida e terá de atrasar pagamentos e aposentadorias.”
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