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“O que o PT faz hoje é de esquerda? Não sei” A socióloga Maria Alice Setubal, que coordena o programa de governo de Marina, diz que Fernando Henrique está à frente do PSDB e que Lula pensa a política de um jeito antiquado

Entre os principais colaboradores de Marina Silva, a candidata do PSB à Presidência, nenhum ganhou tanta visibilidade nos últimos dias quanto a socióloga Maria Alice Setubal, conhecida como Neca. Amiga de Marina, indicada por ela para coordenar o programa de governo de sua coligação, Maria Alice, de 63 anos, virou alvo preferencial dos ataques de outros candidatos, por ser filha do banqueiro Olavo Setubal, um dos maiores acionistas do banco Itaú, morto em 2008. Casada pela segunda vez, com o empresário Paulo Almeida Prado, dono do hotel Fazenda Capoava, em Itu, no interior de São Paulo, com três filhos do primeiro casamento, Maria Alice se dedica hoje, praticamente em tempo integral, ao mundo da política e à campanha eleitoral. Nesta entrevista, ela fala de sua ligação com Marina, de sua atuação política e do preconceito que sofreu por ter nascido em família rica e viver em redutos da esquerda. “Tenho orgulho de minha família e entendo que minha origem seja importante, mas não faz sentido reduzir meu currículo a isso”, diz.

ÉPOCA – No debate da Band na semana passada, alguns candidatos a chamaram de “banqueira” e “herdeira do Itaú”. Também atribuíram à senhora a proposta de conceder autonomia ao Banco Central, encampada por Marina. Como a senhora reage a isso?
Maria Alice Setubal – Sou parte da família, sou acionista. Sempre tive um ótimo relacionamento com eles e tenho orgulho de meu pai (Olavo Setubal, responsável pelo grande salto do banco, nos anos 1960 e 1970) e de meu irmão Roberto (atual presidente do Itaú Unibanco), padrinho do meu filho mais velho. Mas nunca ocupei nenhum cargo no banco. Entendo que seja importante e que tenha de responder por isso, mas minha atuação sempre foi nas áreas de educação e social. Acho uma pena que seja assim, reduzir meu currículo a isso. Tenho uma história, uma legitimidade e, hoje, tenho muito mais segurança e tranquilidade para lidar com essa questão.

ÉPOCA – Como foi sua aproximação com Marina?
Maria Alice – Foi uma descoberta, em 2009. Marina me encantou. Eu a conheci por meio do Movimento Brasil Sustentável, que a apoiava. Era um grupo que já conhecia havia anos, de que faziam parte os empresários Guilherme Leal (um dos fundadores da Natura e candidato a vice-presidente de Marina em 2010), meu amigo desde a adolescência, Oded Grajew (um dos fundadores do Movimento Nacional das Bases Empresariais, o PNBE, em 1989, e ex-presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, a Abrinq) e Ricardo Young (vereador do PPS em São Paulo, ex-presidente do Instituto Ethos e também ex-integrante do PNBE). Era um grupo muito confiável. Guilherme me perguntou se eu não queria ajudar na campanha na área da educação, e eu fui. Fui assistir a uma palestra de Marina em São Paulo e fiquei encantada.

ÉPOCA – Hoje, além do forte vínculo político, a senhora e Marina dizem que são muito amigas. Que amizade é essa? Vão ao cinema juntas, saem para jantar juntas com os maridos?
Maria Alice – Não, porque o marido dela mora no Acre, e ela está com apartamento em São Paulo, como Eduardo (Campos) estava, e Brasília. Está praticamente sediada em São Paulo hoje. Meu marido mora na fazenda, em Itu, no interior de São Paulo. Fábio (marido de Marina) ainda não esteve lá, mas Marina já foi duas vezes à fazenda, conhece o Paulo (marido de Maria Alice), e ele gosta muito dela. Não vamos ao cinema juntas, mas falamos muito ao telefone.

Leia a entrevista completa publicada na revista Época