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O que está por trás da ocupação das escolas em SP Estimulada pela Apeoesp e pelo MTST, a invasão está longe de ser uma iniciativa que brotou da insatisfação genuína dos alunos com a reestruturação da rede escolar

Dê uma lida nos cartazes acima, que eu mesmo fotografei no centro de São Paulo na quarta-feira da semana passada, ao passar de carro pela região a caminho de uma entrevista.

Eles fazem uma convocação de professores, alunos, pais, funcionários e da comunidade “contra o fechamento de escolas e a bagunça na rede estadual de ensino”.

Se perguntar não ofende, como diz o velho dito popular, então responda à seguinte pergunta: você acredita que esses cartazes, que estão espalhados por toda a cidade, foram realmente produzidos, distribuídos e colados por aí pelos estudantes secundaristas? Ou será que você, como eu, pensa que esse movimento de protesto contra a reestruturação da rede escolar paulista, que já resultou na ocupação ilegal de quase 100 escolas no Estado, tem pouco ou nada a ver com os alunos?

Leia o texto publicado no site da revista Época

Não sou um especialista na área de educação, nem advogado do governador Geraldo Alckmin, mas não precisa ser muito inteligente para perceber que há algo estranho, muito estranho, por trás das ocupações em série de escolas em São Paulo nas últimas semanas.

É difícil acreditar que uma medida administrativa — destinada a separar os alunos por escolas de acordo com o ciclo, como acontece em vários países desenvolvidos, e a adaptar a rede escolar, que perdeu dois milhões de alunos desde 1998, à demanda atual — tenha motivado uma reação desse calibre.

Com base nas informações divulgadas até agora pela mídia, não tenho dúvida de que as ocupações são uma ação articulada por grupos ligados ao PT e pelas chamadas “organizações sociais” que lhe dão apoio, inclusive as entidades que reúnem os secundaristas, aparelhadas pelo partido.

Não por acaso, logo nas primeiras ocupações de escolas, pipocaram “alunos” do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), os maiores ocupantes ilegais de propriedades públicas e privadas do país, tradicionalmente adulados por Dilma, Lula e pelo PT.

Desde os primeiros protestos contra a decisão, também era possível detectar o protagonismo assumido por professores ligados à Apeoesp (a entidade que reúne os professores do ensino oficial de São Paulo), sob o pretexto de apoiar as “reivindicações” dos secundaristas.

Derrotada no primeiro semestre deste ano na mais longa greve de professores da história de São Paulo, com duração de 92 dias, a Apeosp esperava apenas um pretexto para poder “dar o troco” em Alckmin – e ele veio agora com a reestruturação da rede escolar.

Além de criar um fato político, em meio ao petrolão e à recessão recorde gerada pelo governo federal, a Apeoesp, uma das mais truculentas entidades sindicais do país, está usando a reestruturação das escolas para manter seus privilégios corporativistas. Ela quer evitar a adoção da meritocracia no ensino, a avaliação dos professores e a elaboração de um diagnóstico claro para melhorar a qualidade das escolas de São Paulo, que deveria ser o principal objetivo de qualquer professor digno do nome.

Com o apoio digital dos autodenominados “blogueiros independentes”, que de independentes não têm nada, a ocupação das escolas em São Paulo passou a ser glorificada nas redes sociais, sem que ninguém tenha sequer se preocupado em discutir seriamente o assunto do ponto de vista pedagógico. Agora, até a legítima reintegração de posse dos prédios está sendo considerada pelas milícias digitais do PT como uma ação “antidemocrática” do governo paulista.

Infelizmente, neste caso, o que menos importa para os ocupantes das escolas é a melhoria da educação no Estado e de sua eficiência. Por isso, o que deveria ser uma questão técnica tornou-se um conflito ideológico. É o que o PT e seus satélites costumam fazer com tudo que é implementado por quem não tem ligação com eles.