A vitória da chapa da oposição para a Comissão Especial do Impeachment não foi apenas uma humilhação para a presidente Dilma. Ela revelou que Dilma, o PT e sua tropa de choque, que já vinham cambaleando nos últimos meses em suas negociações com o Congresso Nacional, perderam de vez o monopólio da esperteza política no país.
Ao articular com a oposição a votação secreta e o lançamento de uma chapa alternativa para disputar a indicação de parlamentares para a Comissão do Impeachment, Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, deu um golpe de mestre nas manobras do Palácio do Planalto para tentar controlar o processo.
Leia o texto publicado no site da revista Época
Julgando-se os reis da esperteza nacional, dois ministros de Dilma – Jaques Wagner, da Casa Civil, e Edinho Silva, da Comunicação Social da Presidência – acreditaram que tinham o jogo na mão e que dariam um olé na oposição. Para tentar pressionar o vice-presidente Michel Temer a se declarar contra o impechment, colocaram em sua boca, sem qualquer cerimônia, palavras que ele afirmou jamais ter dito.
Depois, a própria Dilma declarou ter certeza de que receberia a confiança de Temer – uma confiança que ela jamais lhe conferiu, segundo ele mesmo disse, na carta confidencial enviada à presidente na segunda-feira, tornada publica pelo governo para tentar constangê-lo.
Só que a estratégia de Dilma, do PT e de seus aliados, de divulgar invenciones para forçar a barra a favor de Dilma, acabou se voltando contra eles e se revelando um retumbante fracasso. Seu idelizador merece ficar em definitivo com o troféu Fiasco do ano, arrematado no início do de 2015 pelo ex-ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, hoje na pasta da Educação.
Num delírio de altíssimo risco, Mercadante montou a estratégia do governo para tentar dividir o PMDB e evitar a eleição de Cunha à presidência da Câmara. Em vez disso, provocou uma rebelião parlamentar, da qual o governo jamais se recuperou e provavelmente não irá se recuparar mais. Seus movimentos acabaram por sacramentar a vitória de Cunha, hoje o principal desafeto de Dilma no Legislativo.
Com conhecimento profundo do Regimento Interno da Câmara, Cunha mostrou, mais uma vez, aparentemente dentro das regras do jogo, que, neste campo, é quase imbatível. Cunha pode ter todos os defeitos do mundo e merecer perder o cargo por tudo o que já se sabe sobre os seus achaques. Mas, sob sua liderança, é preciso reconhecer, a oposição ganhou musculatura e conquistou uma trincheira fundamental para levar adiante o impeachment de Dilma.
Ainda que o recurso do PC do B ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a chapa vencedora acabe levando à anulação do pleito, a goleada que a oposição deu no governo hoje em Brasília já entrou para os anais do Congresso Nacional e para a história.
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