A afirmação da “presidenta” Dilma de que o seu governo “é padrão Felipão” revela muito de de seu estilo pessoal de exercer o poder, assim como as estratégias e práticas políticas adotadas pelo ex-presidente Lula e outros dirigentes petistas para tentar demonstrar sempre uma pretensa superioridade sobre os adversários.
Primeiro, porque quem realmente é “padrão Felipão” dificilmente vai dizer isso em público, como uma peça de autopromoção barata. Um dos aspectos mais característicos do “estilo Felipão” é justamente a ausência de qualquer traço de arrogância, que sobra a Dilma, a seu padrinho Lula e a muitos “companheiros” do PT. Mesmo depois da vitória especular do Brasil sobre a Espanha e da conquista da Copa das Confederações, Felipão e os atletas brasileiros em nenhum momento “arrotaram” superioridade sobre os adversários, como costumam fazer dona Rousseff e seus correligionários, mesmo em ocasiões menos nobres.
Quem não se lembra das declarações de Dilma em Londres, durante a abertura da Olimpíada de 2012? Perguntada por repórteres o que tinha achado da cerimônia realizada pelos ingleses, Dilma preferiu mostrar toda a sua truculência, que seus subordinados já conhecem de perto, mas ainda era pouco divulgada no exterior. Ao contrário do que seria de se esperar de uma visitante ilustre, capaz de enxergar um palmo além do próprio umbigo, Dilma não disse que “a beleza da abertura londrina colocou para o Brasil o enorme desafio de realizar uma cerimônia do mesmo nível”. Tampouco afirmou que “o Brasil terá que se desdobrar para fazer uma abertura com a mesma qualidade da cerimônia de Londres”. Mostrando uma terrível falta de educação aos anfitriões, Dilma simplesmente declarou, para surpresa das almas mais generosas e diplomáticas, ainda em território britânico: “Nós vamos fazer muito melhor, vamos levar uma escola de samba e abafar”. Como se diz por aí, “gente fina é outra coisa”, certo?
Faltou Dilma dizer também a qual Felipão quis se referir ao dizer que o seu governo tem o padrão de qualidade implementado na seleção pelo técnico brasileiro. Ela se referia ao Felipão que conquistou a Libertadores da América com o Palmeiras e a Copa de 2002 com a seleção? Ou será que ela estava falando do Felipão que levou o Palmeiras para a segunda divisão do Brasileirão? Ela estava se referindo ao Felipão que ganhou a Copa das Confederações ou ao que foi expelido do Chelsea, da Inglaterra, poucas semanas depois de ter assumido o comando técnico da equipe? Felipão sabe que não é infalível e por isso jamais dá declarações garganteando seus feitos – uma sabedoria que Dilma e a companheirada certamente não têm. Se a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e outros caciques do governo federal e do PT tivessem 10% da humildade demonstrada por Felipão e pelos craques da seleção, o Brasil certamente estaria muito melhor.
Fora isso, considerando o que está acontecendo no mundo real, longe das fantasias do Palácio do Planalto, com o pau comendo nas ruas há quase um mês, é difícil acreditar que a “presidenta”, como ela gosta de ser chamada, tenha tido o desprendimento de fazer uma declaração do gênero. Embora tenham começado por causa do aumento das tarifas de ônibus, os protestos, em boa medida, continuam até hoje por causa dos equívocos de Dilma e de sua equipe na política econômica do país. Graças à insegurança que gerou nos agentes econômicos com tanto vai e vem nas regras do jogo, o fantasma da inflação,que vem superando o teto da meta, de 6,5%, há meses, voltou a assustar os brasileiros.
Se seu governo fosse mesmo “padrão Felipão”, provavelmente o elogio partiria de terceiros e não da própria Dilma. Se isso tivesse alguma correspondência com a realidade, Dilma dificilmente teria tomado um tombo de 21 pontos na pesquisa de intenções de voto do Datafolha, caindo de 51% para 30%das preferências do eleitores. Também não teria levada uma vaia histórica na abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha, nem fugido do Maracanã na final que deu o título do torneio ao Brasil.
Um pouco de “simancol” não faria nada mal a Dilma, a Lula e ao marqueteiro preferencial de ambos, o jornalista João Santana. Diante disso, acho que quem está mesmo com a razão é o senador Jarbas Vanconcelos, que recentemente fez uma sugestão mais do que apropriada ao caso, recentemente lembrada também pelo colunista de ÉPOCA, Guilherme Fiuza: “O PT deveria criar o Bolsa Óleo de Peroba, tamanha é sua cara de pau”.
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