Poucos consultores mundo afora fazem um retrospecto tão positivo ao prever o futuro quanto o americano John Naisbitt. Em seu livro Megatendências, de 1982, ele previu a globalização e a substituição da sociedade industrial pela sociedade da informação. Em seu novo livro, Atitudes Mentais (Ed. Sextante), lançado recentemente no Brasil, ele anuncia o declínio da Europa em razão dos altos impostos e de uma legislação trabalhista restritiva. Diz também que a China talvez nunca seja o poder dominante no mundo, como muita gente acredita. Em visita ao Brasil para participar de um seminário promovido pela Amana-Key, consultoria especializada em gestão e liderança, Naisbitt falou sobre as novas tendências econômicas e criticou duramente a burocracia e os entraves para o desenvolvimento dos negócios no país.
ÉPOCA – O senhor costuma usar o caso da China como exemplo de sucesso na economia. Qual é o segredo da China para crescer?
John Naisbitt – Hoje, o segredo da China não está em Pequim, mas nos indivíduos, na livre-iniciativa. Na China, o governo permite que as pessoas façam o que desejam em termos econômicos. No Brasil e em muitos países da Europa, o empreendedorismo é penalizado, em vez de ser estimulado. Mas só assim, de baixo para cima, como está acontecendo na China, é possível vitalizar a economia. Um país em que a regulamentação dos negócios é muito severa dificilmente vai conseguir isso. Na Índia, onde o governo ainda está muito presente na economia, as pessoas estão parando de se preocupar com isso e indo em frente. Talvez esse seja um bom caminho também para o Brasil.
ÉPOCA – O que é preciso fazer para estimular o empreendedorismo?
Naisbitt – O governo tem de sair do caminho. Deve criar um ambiente em que os s empreendedores sejam livres para tocar seus negócios sem interferência governamental. É escandaloso, antiempresarial, anticrescimento levar 152 dias para começar uma empresa, como acontece no Brasil, numa hora em que você precisa dos empreendedores como nunca para promover o crescimento econômico. Nos Estados Unidos, você abre uma empresa em um dia. Depois, tem de registrá-la, mas isso é feito no âmbito estadual, e não federal. É por essa razão que há grande concorrência entre os 50 Estados americanos para atrair empreendedores. O Texas diz: “Não cobraremos impostos durante cinco anos. Venha começar sua empresa aqui”. Aí, Illinois diz: “Não, venha começar sua empresa aqui. Não vamos cobrar impostos por seis anos. E ainda lhe daremos créditos tributários para você fazer o treinamento dos funcionários”.
Leia a entrevista completa de John Naisbitt publicada na revista Época
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