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O emprego, o retrovisor e as ilusões eleitorais Embora a presidente Dilma alardeie o aumento de novas vagas no país, os dados mostram que os ventos estão mudando. Se a confiança no governo e os investimentos privados não aumentarem, o desemprego pode voltar a assustar os brasileiros

Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira mostram que a bonança do emprego no país, tão apregoada pela presidente Dilma Rousseff na campanha eleitoral, pode estar perto do fim. Segundo os números oficiais, o emprego com carteira assinada caiu 41% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado, para apenas 123,7 mil vagas – o pior resultado para o período desde 2001. No ano, são 30% menos vagas que em 2013. Apesar de os números ainda serem positivos, estão longe de justificar o ufanismo do governo com o próprio desempenho na economia.

Embora o PT e o marqueteiro João Santana procurem somar os dados de emprego desde o governo Lula para favorecer Dilma, em vez de apresentar os números dela isoladamente, a criação de novos postos de trabalho no país vem desacelerando, de forma consistente, desde 2011, a reboque da paradeira geral da economia. No ritmo atual, não será surpresa se, logo, logo, o Brasil tiver uma perda real no número de vagas e o fantasma do desemprego voltar a assustar os brasileiros.

Para sorte de Dilma e do PT no momento, a bomba só deverá estourar mais à frente, quando o novo presidente já tiver tomado posse. Se Aécio Neves vencer o pleito, como apontam as pesquisas mais recentes, não será surpresa, se ele for acusado pelo PT de provocar, logo no início de seu governo, uma recessão, apesar de ela ter sido, na verdade, gestada na atual administração.

Um dos problemas de quem analisa a economia pelo espelho retrovisor é que não consegue enxergar as tendências do presente e do futuro em perspectiva. Não por acaso os financistas são obrigados a incluir um alerta aos investidores nas propagandas de aplicações financeiras feitas com base no desempenho passado: “Performance passada não é garantia de desempenho futuro” – e isso vale para tudo, inclusive para as estatísticas econômicas.

Diante do baixo nível de atividade econômica, boa parte dos analistas prevê tempos difíceis para o país, qualquer que seja o nome vencedor no dia 26, com reflexos inevitáveis no nível de emprego. Num cenário em que a confiança de investidores e consumidores no governo está em queda, a insegurança em relação à estabilidade das regras do jogo, em alta, e a inflação, acima do teto da meta, não há malabarista capaz de fazer a roda do emprego girar. É o que já está acontecendo com a indústria automotiva, apesar de todas as benesses e incentivos que recebeu de Dilma e Lula, o ex-metalúrgico que começou no setor a sua história de líder sindical e político.

É isso que o atual governo parece não compreender ao insistir em brindar os brasileiros com a continuidade de uma fórmula que teve o seu momento de glória, no segundo governo Lula, no auge da crise global, mas não está mais dando certo. Mesmo se Dilma ganhar a a eleição e continuar a desprezar os princípios contábeis aceitos internacionalmente, para maquiar a gastança e o rombo nas contas públicas, o efeito, em vez de ser positivo, como esperariam os caciques do PT, promete ser ainda pior.

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