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“O corporativismo estatal tomou conta de Brasília”, afirma Delfim Netto Conselheiro dos governos petistas, o economista e ex-ministro mudou de lado e hoje apoia o governo Temer e as propostas para reequilibrar as contas públicas e recolocar o País nos trilhos

Durante o governo Lula e os primeiros anos da gestão de Dilma, o economista Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura, foi um dos mais próximos conselheiros do Palácio do Planalto na área econômica e um defensor incansável dos governos petistas. A partir de 2012, porém, com as ações desastradas de Dilma na economia, as maquiagens na contabilidade oficial e a deterioração do quadro fiscal, Delfim mudou de lado e hoje apoia o governo Temer e as medidas propostas para reequilibrar as contas públicas e recolocar o País na trilha do desenvolvimento.

Nesta entrevista ao Estado, realizada em seu escritório, localizado no bairro do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, Delfim fala sobre o impeachment de Dilma, a Constituição de 1988, as pressões do corporativismo estatal contra as reformas e as vinculações orçamentárias para a saúde e a educação. “O Brasil é vítima de um corporativismo estatal que tomou conta de Brasília”, afirma. “É preciso que o governo vá à televisão e diga que o Brasil é um país injusto, sim, não apenas por causa das condições objetivas, mas porque foi apropriado por um corporativismo estatal.”

Estado – O Brasil vive hoje uma profunda crise política, econômica, ética e social. Há uma sensação de insatisfação generalizada da sociedade. Como o senhor vê o atual cenário do país?
Delfim – A insatisfação não acontece só no Brasil, mas no mundo todo. O mundo inteiro está desiludido. A globalização não entregou o que prometeu e foi acompanhada por um aumento muito grande da desigualdade – e a redução da desigualdade é um dos objetivos mais importantes de qualquer sociedade. Ficou claro que fomos incapazes de produzir um mundo mais razoável. A liberdade de movimentação de capitais, que depois foi recusada, não produziu o resultado que se imaginava. A economia ignorou a distribuição de renda e produziu o resultado que estamos vivendo. Nós realmente estamos vivendo uma desilusão mundial com o que os economistas fizeram.

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