O investidor americano Jim Breyer, de 47 anos, está numa posição privilegiada para analisar o impacto da atual crise econômica nos negócios de venture capital e de private equity (termos em inglês que designam a compra de participações em empresas de pequeno e de grande porte) em todo o mundo. Ele foi presidente da poderosa Associação Nacional de Venture Capital dos EUA e faz parte do comitê de investimento da Accel, uma das principais empresas americanas do setor. Com um patrimônio de US$ 6 bilhões, a Accel, cuja sede fica em Palo Alto, na Califórnia, detém participações em cerca de 100 empresas, entre elas o Facebook, o site de relacionamento social fundado pelo empreendedor Mark Zuckerberg, que recusou uma oferta de US$ 1 bilhão feita pela Microsoft em 2007.
Segundo Breyer, os fundos de private equity e venture capital deverão captar em 2009 apenas 25% do total de US$ 266 bilhões levantados no ano passado nos EUA, um valor que já era 18% menor que em 2007. Ele diz que falta crédito para financiar os negócios e que o fechamento do mercado de capitais no momento para novas operações de abertura e aumento de capital deverá dificultar a saída dos investidores que entraram nesses fundos antes da crise. Ainda assim, Breyer afirma que existem hoje boas oportunidades de investimento no mercado e revela que a Accel está estudando a abertura de um escritório no Brasil para garimpar novos negócios. “Os melhores investimentos são geralmente feitos em momentos extremamente difíceis como o que estamos vivendo hoje”, diz. “O Brasil é um dos mercados mais atraentes do mundo para investimento de longo prazo em venture capital e private equity. Há excelentes empreendedores, boas perspectivas de crescimento no longo prazo e um mercado interno forte.”
ÉPOCA – Antes da atual crise econômica, a área de de venture capital e de private equity vinha prosperando no mundo inteiro. Como a crise está afetando o setor?
Jim Breyer – A crise está afetando a área de private equity e de venture capital de uma forma profunda. Acredito que, nos próximos anos, haverá uma grande mudança no mercado e muitos investidores deverão sair do negócio. O crédito usado no financiamento das operações simplesmente desapareceu. Isso significa que os novos investimentos que estamos avaliando hoje terão de ser bancados com recursos próprios. Em algum ponto do futuro, talvez dentro de um ou dois anos, o crédito possa voltar em alguma medida. Mas, por enquanto, temos de fazer nossos investimentos sem crédito. Também não há praticamente oferta pública de ações hoje em todo o mundo. Nos Estados Unidos, esse mercado não deverá se recuperar antes da segunda metade de 2010.
ÉPOCA – O senhor falou sobre a falta de crédito existente hoje para financiar a compra de participações. Nos Estados Unidos, onde havia muito mais crédito nessa área que no Brasil, quanto ele representava dos investimentos antes da crise?
Breyer – Depende do estágio do investimento de cada empresa que recebe o aporte. Na área de venture capital, menos de 5% dos nossos investimentos são representados por crédito. Nas compras de participações significativas ou do controle em empresas de maior porte, isso varia de 40% a 60% do valor da transação. Em alguns casos, nos grandes negócios, até 95% vêm de crédito. Hoje, não há nenhuma transação do gênero acontecendo. Os bancos ainda não estão fazendo grandes empréstimos para financiar esse tipo de operação.
Leia a entrevista completa publicada no site da revista Época
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