No início do ano passado, o empresário Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011, recusou o posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Preferiu o risco de candidatar-se ao Senado por Minas Gerais. Apesar de derrotado, com 3,6 milhões de votos, Josué ganhou. É hoje um dos principais interlocutores da presidente Dilma Rousseff no setor produtivo. Presidente da Coteminas, uma das maiores empresas do setor têxtil do país, e um dos vice-presidentes da Fiesp, Josué tem atuado para preservar o mandato de Dilma e diminuir o grau de incerteza no país. Aos 51 anos, Josué segue os passos do pai de se dedicar, com afinco cada vez maior, à política. Nesta entrevista a ÉPOCA, concedida no escritório da Coteminas, em São Paulo, ele fala sobre crise política e econômica, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a atuação do PMDB e o ajuste fiscal anunciado pelo governo.
ÉPOCA – Como o senhor avalia o atual quadro de crise política e econômica do país?
Josué Gomes da Silva – Ninguém pode tapar o sol com a peneira. O quadro é grave. Há uma crise política, que agrava uma crise econômica – e vice-versa. O ponto positivo desta crise é o debate que está sendo feito hoje no Brasil sobre o desajuste das contas públicas. Não só no caso da União, mas também de Estados e municípios, que estão com seus orçamentos extremamente precários. Hoje, isso está sendo discutido à luz do dia, para o país encontrar mecanismos de ajuste. Se deixarmos isso seguir na tendência que está, teremos uma situação insustentável daqui a alguns anos. Já é insustentável hoje, mas vai se agravar.
ÉPOCA – Dá para resolver o problema das contas públicas com essa crise política?
Josué – Política é diálogo. O diálogo pressupõe a existência de confiança. Hoje, falta um pouco de diálogo e muito de confiança. Sem diálogo e sem confiança é difícil resolver esse imbróglio. Agora, ninguém quer ver o barco afundar. Se o barco afundar, vai faltar boia para todo mundo.
ÉPOCA – O senhor acredita que a presidente Dilma é a pessoa certa para tirar o país da crise?
Josué – Nosso regime é presidencialista. As eleições ocorrem a cada quatro anos. Então, ela é a mandatária da nação e a pessoa responsável por tirar o país da crise. Só que ela tem de contar com o apoio e a confiança do Congresso Nacional. O Congresso também tem a responsabilidade de tirar o país da crise. Não é só ela. Ela foi eleita com a maioria dos votos. Foi uma eleição acirrada. Talvez, até por isso, o gesto de estender a mão, que foi feito no discurso, poderia ter sido mais enfático.
Leia a entrevista completa de Josué Gomes da Silva publicada na revista ÉPOCA
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