O engenheiro e administrador carioca João Dionísio Amoêdo, de 51 anos, é uma figura improvável
no mundo da política nacional. Ex-executivo do mercado financeiro, com passagens de sucesso
pelo Citibank e pelo banco BBA (hoje Itaú BBA), Amoedo se dedica desde 2010 em tempo
integral à formação do Novo – um partido político que defende bandeiras privatistas, eficiência na
gestão pública e a renovação das lideranças brasileiras. Depois de entregar 502 mil fichas de apoio já
validadas nos cartórios à Justiça Eleitoral, ele aguarda agora a concessão do registro do partido, para
entrar no jogo político.Amoedo diz que apoia Aécio Neves, candidato à Presidência pelo PSDB, e que
seu sonho é “acabar com os privilégios” no setor público e “tornar o Brasil um país admirado”.
ÉPOCA – Por que criar mais um partido político no Brasil? Os partidos existentes hoje não são suficientes?
João Dionisio Amoêdo – A ideia surgiu em 2008. A gente via tantos problemas na gestão pública que queria participar, tentar melhorar isso. A carga tributária no Brasil é muito elevada. Os serviços públicos são ruins. Para melhorar isso, a gente acha que é preciso mudar a gestão, mas só isso não é suficiente. Precisa mudar também o modelo de Estado. Então, a gente perguntou: “Que partido político defende o conceito de que o indivíduo deve ter mais autonomia, mais poder? Que partido diz que é preciso reduzir um pouco a intervenção do Estado na vida do cidadão?”. A conclusão foi que nenhum partido deixava isso claro. Era preciso trazer novas lideranças para o setor público – e o caminho democrático é por meio de um partido político. Como a gente quer atrair gente que nunca esteve na política, provavelmente será
menos difícil atraí-la a partir de um projeto que comece do zero, dada a aversão que existe ao mundo político hoje. Foi isso que nos levou ao Novo.
ÉPOCA – Quando o senhor fala “a gente”, a quem se refere?
Amoêdo – Inicialmente, éramos um grupo pequeno, de umas dez pessoas. Alguns estudaram comigo no colégio,
fizeram faculdade juntos, e outros eram meus sócios no mercado financeiro. No fim de 2010, quando a gente resolveu tocar o projeto para a frente, fizemos três pequenas apresentações. Dissemos: “Olha, a gente quer ir adiante com esse projeto e queremos sócios. Se vocês toparem, a gente tocará esse negócio”.Um mês e meio depois, a gente fundou o partido, com o apoio de 180 pessoas.
ÉPOCA – Em 2013, Marina Silva, candidata à Presidência pelo PSB, tentou formalizar o Rede Sustentabilidade e não conseguiu. Como vocês conseguiram?
Amoêdo – Em três anos, coletamos mais de 1 milhão de fichas de apoio. Quinhentas e duas mil certidões foram validadas pelos cartórios – o mínimo, segundo a legislação, são 492 mil. Esse problema de validação das fichas é complicado – quase 50% foram descartadas. No final de julho, entramos com o processo de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com nove diretórios estaduais formados. A gente recebeu muita ficha por e-mail e pelo correio. Usamos muito as redes sociais. Hoje, a gente tem
mais de 600 mil seguidores no Facebook. É mais que PT e PSDB juntos.
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