O carioca João Castro Neves, de 45 anos, presidente da Ambev, teria todos os motivos para comemorar um marco histórico alcançado pela empresa. Em maio, a Ambev consolidou sua posição como a maior companhia privada brasileira por valor de mercado. Avaliada em R$ 211 bilhões na semana passada, o equivalente a dois Bradescos e 1,7 Itaú, a Ambev superou em 5,5% a Vale, que tradicionalmente ocupava a liderança da lista. Numa manifestação da cultura de baixa exposição da empresa, Castro Neves prefere relativizar a conquista. “Esse negócio de tamanho não é documento”, afirma. “Deixa a gente quieto aqui.”
Embora se considere “mais a favor do livre mercado”, Castro Neves diz que o governo está na “direção certa” ao implementar medidas para proteger a indústria nacional contra os produtos importados, desde que sejam de curta duração. “Tudo o que estimula alguma indústria ou algum empresário a se acomodar é ruim para o país”, afirma. “Sendo medidas temporárias, como parecem ser, são aceitáveis.”
Formado em engenharia na PUC do Rio de Janeiro, com MBA na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, Castro Neves está há 17 anos na Ambev. Começou no departamento de fusões e aquisições da velha Brahma, cinco anos antes da fusão com a Antarctica, passou pela área de finanças e, desde 2009, está no comando. Se-guindo a cultura informal cultivada na Ambev, Castro Neves trabalha de camisa esporte e jeans. Como os empre-sários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, principais acionistas da Ambev, não costuma usar gravata.
Leia os trechos da entrevista publicados pela revista Época
ÉPOCA – A questão da “desindustrialização” se tornou uma das principais preocupações do governo e de muitos empresários. Isso é mesmo algo com que a gente deva se preocupar?
João Castro Neves – É uma preocupação, sim. A indústria foi o setor que mais sofreu no país nas últimas décadas. Há dez ou 15 anos, o setor industrial representava 27% do PIB (Produto Interno Bruto). Hoje, essa fatia caiu para 14%. Então, tentar fazer com que a indústria volte a ter mais relevância é fundamental. Seria ótimo se o Brasil pudesse ser um país não apenas de commodities e serviços, mas também da indústria. Idealmente, fazer essas três coisas funcionar seria espetacular. A gente tem uma vocação natural para commodities e pode ser muito bom também em serviços. O Brasil tem um potencial de turismo gigantesco. Se a gente fizer uma boa Copa do Mundo e uma boa Olimpíada, pode dar uma grande alavancada nisso.
ÉPOCA – Essa queda de participação da indústria no PIB ocorreu mais pela valorização das commodities do que por um encolhimento do setor. Os preços dos manufaturados também caíram muito desde os anos 1990, com a entrada dos produtos chineses no mercado. Isso não deve ser levado em conta na análise?
Castro Neves – Isso, provavelmente, é verdade. A indústria teve uma perda relativa no PIB, mas não encolheu em termos absolutos. Só que, muitas vezes, continuar onde você está é pouco. Os preços dos manufaturados caíram, mas o volume de vendas não compensou a queda. No caso das commodities, elas cresceram no preço e também no volume. Precisamos analisar os dados no detalhe para saber ao certo o que aconteceu. Talvez, você tenha 70% de razão, quando fala que é o preço, mas talvez tenha 30%.
ÉPOCA – Muita gente diz que o grande problema da indústria tem sido o câmbio, porque ele afeta a competitividade e as exportações. O senhor concorda com isso?
Castro Neves – O câmbio tem uma importância razoável. No curto prazo, a melhoria da taxa de câmbio ajuda muito as exportações. No longo prazo, se você é um exportador e viu o real se valorizar durante vários anos, vai levar um tempo para acreditar que o câmbio mudou mesmo de patamar e tomar a decisão de fazer um novo investimento. Você quer ter alguma segurança de que esse negócio não vai voltar para trás. O que mais afasta o investimento é a instabilidade e as mudanças nas regras do jogo. Ao mesmo tempo, as indústrias que estão mais coladas no mercado doméstico cresceram bastante, como o setor de construção. Se a gente conseguisse um balanço maior entre mercado de consumo interno e das exportações, e não dependesse só de uma coisa ou de outra, seria muito positivo.
Tenho uns amigos que são da Tramontina, do Rio Grande do Sul. Eles devem viver na base de 50% das vendas para mercado local e 50% para exportação. Durante muito tempo, a cada ano eles faziam uma fábrica nova. Com a questão do câmbio, ficou muito mais difícil exportar. Então, em termos absolutos, eles continuaram onde estavam. Pararam de ter taxas de crescimento de 10%, 15% ao ano. Cresceram, cresceram e, de repente, pararam. Passaram a não ter as mesmas taxas de crescimento, principalmente nas exportações.
“Acredito em mercado livre? Acredito. Isso não quer dizer que você não pode defender seu negócio. Fazer isso nem sempre é negativo”
ÉPOCA – O governo adotou várias medidas protecionistas para beneficiar alguns setores da indústria nacional. É o melhor caminho?
Castro Neves – Esse é um dilema. Tem um lado meu que é mais a favor do livre mercado, mas, quando você sai da teoria e vai para a prática, vê que existe a necessidade de adotar alguns estímulos temporários. Minha impressão é que o governo está adotando medidas esporádicas e não permanentes. Agora, se a gente criar barreiras para qualquer um, se ficar acomodado em berço esplêndido e tudo ficar supercaro, eu sou contra. Tudo o que estimula alguma indústria ou algum empresário a se acomodar é ruim para o país. Quando isso é malfeito, gera desestímulo ao aumento de produtividade. Mas, sendo medidas temporárias, como parecem ser, acho aceitáveis.
Estive nas duas reuniões que a presidente Dilma realizou com empresários, e ela disse algo que é verdade. Nos Estados Unidos, o suprassumo do capitalismo, há um programa chamado Buy USA (Compre produtos americanos). Não sou um grande conhecedor do programa, mas até onde eu entendo é algo que não desrespeita as normas da OMC (Organização Mundial do Comércio) e oferece um estímulo para a indústria local. Isso não deixa de ser um pouco de protecionismo. Agora, o protecionismo formal é aquele que fere as normas da OMC. Na Europa, quando as coisas pegam para os produtores agrícolas, eles entram pontualmente também. Mexe numa alíquota, noutra ali. Todo mundo bota cota em cima do Brasil. Por que a gente vai ser o único que não bota cota em cima de ninguém? O mundo não é perfeito. Então, no final, por crença, sou mais a favor do livre mercado, mas acho que o governo está na direção correta, porque acho que são medidas pontuais. Aquilo que passar do limite – é claro que é difícil medir esse negócio – for de longo prazo e representar um estímulo para alguma indústria ou empresário ficar tranquilo, aí vai ser ruim para o país. Malfeito e mal implementado, isso gera um desestímulo à produtividade.
ÉPOCA – No fim, o consumidor é que vai pagar a conta. Isso não está passando do limite?
Castro Neves – Se você fizer um negócio desses no longo prazo, é complicado. Agora, todas as vezes que se comparam os preços de produtos aqui e lá fora, no final eles eram mais baratos no exterior por dois fatores: ou câmbio ou imposto. O câmbio pode ter um efeito, mas ele vai e volta. O grande lance é o imposto. O dilema que o governo tem hoje é esse. Acho que o governo gostaria de diminuir a taxação. Só que isso dá um trabalho enorme. É um projeto de médio e longo prazo. Nas reuniões de empresários com a presidente Dilma, sempre tem alguém que diz: “Por que o governo não faz um plano para cortar de forma gradual os impostos?”. Hoje, no caso da cerveja, a carga tributária dos EUA é 14%. No Brasil, cerveja e refrigerante são quase 40% em impostos.
ÉPOCA – Hoje, o governo está até criando medidas para poder pagar até 20% mais caro pelas compras para o setor público se os fornecedores forem nacionais. Faz sentido?
Castro Neves – Um estudo realizado recentemente pela FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que até X% vale a pena comprar de fabricantes locais, porque isso estimula toda uma cadeia de produção. Não é só o valor do uniforme. É a costureira, o algodão, outros produtos. Tem um limite técnico. Até 12% ou 15% está no ponto de equilíbrio. Acima daquilo você estará rasgando dinheiro.
ÉPOCA – A política de concessão de benefícios a certos setores industriais não favorece o lobby, o tráfico de influência, a peregrinação de empresários a Brasília?
Castro Neves – Defender o próprio negócio faz parte do nosso papel. Eu acredito em mercado livre? Acredito. Isso não quer dizer que você não pode defender seu negócio. Nos últimos anos, a gente tem estado mais próximo dos governos. Por quê? Somos o primeiro ou o segundo maior pagador de impostos do Brasil. Há 12 anos, quando foi formada, a Ambev investia R$ 500 milhões por ano. Em 2011, investiu quase R$ 3 bilhões. Se você não vai lá e mostra o que está fazendo, eles nem ficam sabendo. Se você vai fazer uma fábrica em Pernambuco, quer uma estrada que o leve até a fábrica. Tem de interagir positivamente com o governo.
Todo governo faz plano. Outro dia esbarrei em um plano chamado Plano de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que eu não conhecia. Lá no plano, do Ministério do Desenvolvimento, que está disponível na internet, com uma apresentação em Power Point. O plano mostra os setores estratégicos, aqueles em que queremos ter a liderança e os setores para apostar. Aí eu vi que o setor de bebidas frias não estava lá. É culpa deles ou é culpa nossa?
ÉPOCA – Vai mudar alguma coisa para vocês, se estiverem ou não nesse plano?
Castro Neves – Primeiro, acho que não estar é uma falha nossa gigante. Se eu não sento com você, quando houver um problema, como fica? Se você ligar para nós e ninguém lhe atender, você vai escrever que a empresa não se posicionou. É assim que funciona. Então, a gente foi chegando a um limite que até deixava de criar oportunidade, de aprender. Se você não entende ou não tenta fazer parte da política do governo… Defender a sua indústria é papel também da indústria. Do jeito que você fala, defender a sua indústria seria um lobby e isso é negativo. Dessa forma, qualquer coisa vai estar errada, mas eu discordo. Eu acredito em mercado livre, acredito. Agora, mercado livre não quer dizer que não tem que defender seu negócio. Defender seu negócio não é sempre negativo.
Outro dia saiu um artigo dizendo que uma mulher na Austrália morreu porque tomava dez Coca-Cola por dia. Depois, foram ver que a mulher tinha uma vida completamente desregrada e a morte dela não tinha nada a ver com a Coca-Cola que ela bebeu. Se você deixar os radicais que querem legislar com base em um artigo que eles leram, você está morto. Então, você se defender passa, no mínimo, por aí.
ÉPOCA – A Ambev foi criada sem interferência do governo. Depois, os controladores da empresa assumiram o comando da Inbev, da Bélgica, e da Anheuser-Busch, que produz a Budweiser, nos EUA, criando um dos maiores grupos de bebidas do mundo. Faz sentido o governo intervir nesse processo e escolher campeões nacionais em diversos setores da economia, como acontece hoje?
Castro Neves – Não acho errado o governo ter uma política industrial. O Plano de Desenvolvimento Produtivo (PDP) identifica os setores estratégicos, os setores em que queremos ter a liderança global e aqueles em que queremos apostar. As ações adotadas pelo governo podem até ser erradas, mas é importante que essa estrutura exista. Lógico que apostar no campeão nacional é diferente de apostar em certos setores da economia. Isso não quer dizer que sou contra a política industrial. Todo país deve ter algum tipo de política industrial. Ela pode até dizer que a gente quer ser o melhor do mundo em commodities. Então, o que vai fazer? Vamos criar uma Embrapa, que todo mundo acha incrível. Só que, porque a Embrapa funciona, a gente não fala dela. Talvez nem tudo funcione. Se tudo funcionasse, a gente estaria aplaudindo mais. Quanto mais órgãos parecidos com a Embrapa existirem, para que o governo, com a iniciativa privada, invista em pesquisa e desenvolvimento agrícola, ótimo.
O Sebrae é outra coisa que funciona. A gente atende um milhão de pontos de venda. Muitas vezes, a gente se junta ao Sebrae para dar treinamento para esse pessoal. Não é bondade, é negócio, embora possa ter um papel social positivo. Agora, a gente tem um programa para treinar os donos de bares a pedir a identidade do consumidor, porque isso não está na nossa cultura, como nos Estados Unidos, onde o pessoal foi treinado a vida toda. Tem um montão de iniciativas que podem funcionar na política industrial.
ÉPOCA – Até que ponto a AmBev depende do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em seus projetos?
Castro Neves – A gente não cresceu, nem deu certo por causa do BNDES. Agora, a gente é um parceiro gigante do BNDES. A gente toma dinheiro do BNDES a vida inteira. Podemos captar recursos no exterior, mas captamos também com o BNDES. Temos uma linha permanente com o banco, dentro das regras do jogo, que só se renova. A Previ (fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil) é historicamente um grande acionista da empresa. Já era da Brahma. Eles ganharam muito dinheiro com a gente. A companhia valia R$ 1 bilhão e agora vale mais de R$ 200 bilhões. O BNDES é um banco que precisa das blue chips para poder equilibrar os riscos que toma nos setores em que é forçado a apoiar.
ÉPOCA – Os três principais acionistas da Ambev – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – sempre foram muito pró-mercado e tinham uma visão crítica da intervenção do governo na economia, desde os tempos do antigo Banco Garantia. Hoje, pelo que o senhor está falando, parece que isso mudou. O que aconteceu?
Castro Neves – Muita gente tem uma visão de que os três são “ratos de mercado”. Já estão na Ambev há mais tempo do que foram de banco de investimento, mas o pessoal ainda fala do Jorge Paulo como ex-Garantia, e não como da Ambev. Eles deixaram de ser banqueiros para ser industriais? Não, são pessoas que acreditam muito mais no próprio taco, não em benesses. Eles sempre acreditaram no potencial humano. Acreditam em pessoas, na cultura da meritocracia e fazem isso acontecer todos os dias. Na empresa, somos fanáticos por uma frase do Jorge Paulo: “Se sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno, por que vou sonhar pequeno?”.
Essa não é uma historinha que alguém me contou. Conheci o Jorge em 1990, quando eu ia fazer MBA. Mandei uma carta para ele, sem conhecê-lo, dizendo que eu queria fazer o mestrado, mas não tinha dinheiro. Tinha ganhado uma bolsa da Fulbright e uma da faculdade. Também consegui uma grana também da Aplub (Associação dos Profissionais Liberais Universitários do Brasil). Em todo lugar que tinha dinheiro para emprestar eu pegava, mas a conta não fechava. Aí o Jorge Paulo falou para eu aparecer no banco, o Garantia. Ele devia ter na época seus 45 anos. Ele disse que teria que conversar com seus dois sócios, mas ia me ajudar. Aí, chamou o contador e me deu US$ 5 mil, que, na época representavam 30% do meu primeiro ano de MBA. Depois, ele mandou o dinheiro para o resto do curso. Ele disse: “Você me paga em algum momento, quando você voltar, em dólar”. Não tinha nada escrito. Ele disse: “Só quero que me mande todos os artigos legais que você encontrar e de vez em quando quero falar com você. Na época, não tinha e-mail. Eu escrevia carta, dizendo fiz tal matéria, essa coisa toda. Aí, ele ligava e dizia: “Vi esse caso, que achei bacana, o que você achou?”.
Quando eu me formei ele me falou que, se eu quisesse podia passar lá no banco para conversar. Mas eu tive a chance de ficar nos Estados Unidos, trabalhando num banco dois ou três anos, e preferi fica por lá. Depois, me ligaram lá de novo, e eu acabei voltando ao Brasil. Nunca entendi como alguém pode achar um cara como esse um rato. Conheci um montão de gente que ele ajudou a estudar. Então esse é o exemplo que eu tinha do sujeito que tinha de formar talento. Ele recebia você no escritório dele, sem sequer lhe conhecer, respondia as suas cartas, ligava para você, ficava preocupado com o que ia fazer depois. Era um interesse genuíno, porque ele não tinha obrigação de nada. Agora, você me pergunta: “João, você entrevista trainee?”. É o mínimo, né? Foi o exemplo que tive do Jorge e depois do próprio Marcel, essa preocupação. O Marcel fez a minha avaliação e eu guardei a folhinha até hoje. O lance do exemplo, da preocupação genuína com pessoas é a resposta que acho verdadeira.
A gente tem um orgulho muito grande de contratar e reter pessoas. Então, você tem que levar isso para o dia a dia. Hoje, se eu não sair daqui hoje e entrevistar duas pessoas hoje ou amanhã e procurar aquele próximo talento não estarei fazendo meu trabalho. Depois, há todos os princípios da cultura, de gastar sola de sapato. O que significa isso? Se a gente está com um problema na fábrica de Recife que não tem jeito, você tem que ir lá visitar, discutir. Se tiver um problema no mercado do Rio de Janeiro e também não for lá, não dá. Esses negócio que a gente faz dia sim e dia também é que no final faz a diferença. É isso que tem ajudado a gente a ter resultados bons em anos bons e anos ruins.
ÉPOCA – A meritocracia que vale para a empresa não deveria valer também para o país?
Castro Neves – Você está colocando como se fossem duas coisas excludentes, e acho que não são. Outro dia, conversei com um governador e vi que ele tem 12 reuniões mensais com os secretários para ver as metas de cada secretaria. Acho algo espetacular. Esse negócio de apostar nisso – gente, cultura, gestão –, isso vai mudar o Brasil. Essa é uma evolução claríssima. Felizmente, em vários governos. O que mais me anima é ver que a forma que a gente acredita de tocar empresa é usada em várias esferas do governo, federal, estadual, municipal. Se isso se espalhar, terá um efeito gigante, que foi isso que a gente aprendeu com os três.
ÉPOCA – Em sua opinião quais são os grandes desafios do Brasil?
Castro Neves – Os dois temas que mais me preocupam são educação e infraestrutura. Essas duas coisas são o que mais faria diferença para o Brasil no longo prazo. O caso da Coreia do Sul é exemplar. A educação virou uma preocupação da Nação – do governo, das empresas, dos cidadãos. Hoje a Coreia é um dos países mais modernos do mundo, com bom desempenho em todos os critérios de avaliação de desenvolvimento. A educação faz uma diferença gigante, apostar corretamente nos talentos. Depois, a infraestrutura. Enquanto isso não for resolvido, sempre vai ser um entrave para o Brasil, como aconteceu no final de 2010, com todo mundo batendo na parede, querendo crescer 10% ou 15% a mais e não tinha como. A infraestrutura pega em vários lugares: na estrada, no porto, na telefonia, para ter uma transmissão de dados mais veloz, e na mão de obra, que depende da educação. É claro que há outras coisas, mas essas duas são as que fariam diferença.
ÉPOCA – O que é possível fazer para melhorar a educação e a infraestrutura no Brasil?
Castro Neves – Acho que a saída vai estar em coisas microeconômicas, que o governo está atacando. O governo também está preocupado com educação e infraestrutura, vide o programa Ciência Sem Fronteira, o Pronatec. Tem mais programas pensados para isso hoje que passado. No mês passado, a presidente estava em Harvard, dizendo que queria trazer Harvard para o Brasil. Acho legal, um troço bacana. Parte do papel do líder é demonstrar o caminho através de ações. Depois, tem que arrumar pessoas que o sigam, e dar os estímulos. O chato de plantão vai falar: “Ok, mas e a educação básica?”. O governo do Lula também colocou escolas técnicas no Brasil todo. Não vai dar para ser só uma coisa, nem só outra. Se conseguir atacar do ensino básico até o ensino superior e pesquisa.
Hoje, o Brasil deve ser o sexto maior consumidor de carros do mundo. Mas é o oitavo maior produtor, porque ainda importa. Em pesquisa, deve ser o 10º ou 12º. Se conseguir atrair uma parte da pesquisa para cá, é bom também. Representa mais trabalho para engenheiro. O pessoal pode aprender ali e depois levar o conhecimento para outro lugar do país. No nosso negócio, a gente tem essa preocupação com gente, educação e inovação. Faz parte do nosso DNA. Gente, treinamento total, e inovação entrando cada vez mais.
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