O gancho para este post veio de um comentário do cientista político Bolívar Lamounier em sua página no Facebook. “Não me diga que o Brasil trata a pão-de-ló um fugitivo da Justiça italiana e deixa pairar dúvidas sobre o senador boliviano Roger Pinto Molina, politicamente perseguido por Evo Morales”, disse Lamounier.
Seu comentário faz todo o sentido e revela muito a respeito do governo petista, de suas simpatias ideológicas e do aparelhamento da política externa brasileira pelo PT. Embora tenha concedido asilo no país ao brigadista Cesare Battista, condenado à prisão perpétua à revelia na Itália por quatro homicídios cometidos entre 1977 e 1979, o governo brasileiro tem demonstrado uma tremenda má vontade com o senador oposicionista boliviano Roger Pinto Molina, que fugiu para o país com apoio de diplomatas do Itamarati, depois de se abrigar durante 15 meses na Embaixada do Brasil em La Paz.
Pior que tudo, é a vassalagem de Dilma ao bolivariano Evo Morales, inimigo número um de Molina. Além de ter ligado a Morales para pedir desculpas e ter declarado “repúdio completo” ao episódio em encontro com o presidente boliviano, Dilma ainda demitiu o ex-ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e colocou o encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz, o diplomata Eduardo Saboia, que acompanhou Molina na fuga, na geladeira.
No caso de Battisti, que gozava da simpatia do ex-presidente Lula e de seus aliados, a decisão de conceder asilo foi anunciada em 2010 pelo então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e teve o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU), que emitiu parecer favorável à permanência do ex-guerrilheiro italiano no Brasil. No caso de Molina, além da demissão do ministro, a AGU tem defendido a tese de que o asilo que lhe foi dado para abrigar-se na Embaixada brasileira era um “asilo diplomático” e “provisório”, e que, para que ele obter o asilo definitivo no Brasil será necessário entrar com um novo pedido. É brincadeira!
A julgar pelos antecedentes petistas, o senador Molina deve logo buscar uma alternativa para não ser surpreendido por uma decisão estapafúrdia do governo brasileiro, empenhado em evitar a todo o custo o azedamento das relações com o companheiro Morales. Em 2007, na gestão de Lula, durante os Jogos Panamericanos, o Brasil devolveu um pugilista cubano que queria refugiar-se no Brasil à ditadura de Fidel Castro. Depois, Lula chegou a comparar os presos políticos de Cuba com os presos comuns no Brasil, uma barbaridade. Também defendeu o regime fundamentalista de Mahmoud Ahmadinejad, em 2009, durante a revolta pós-eleitoral que levou milhões de opositores do governo iraniano às ruas. Portanto, se depender dos escrúpulos do governo petista, o senador Molina que se cuide ou vai acabar nas mãos de Morales.
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