Da nova safra de governadores que tomaram posse em janeiro, provavelmente nenhum enfrentou tantos problemas quanto José Ivo Sartori, do Rio Grande do Sul. Sartori herdou um Estado que havia atingido seu limite de endividamento, sem poder fazer novas operações de crédito, e com um rombo nas contas públicas que atingiria, segundo estimativas feitas pelo governo gaúcho, R$ 5,4 bilhões em 2015, o equivalente a 20% do orçamento. Para tentar reequilibrar as finanças estaduais, Sartori está implementando medidas duras, mais concentradas no corte de gastos que no aumento de impostos, ao contrário do ajuste fiscal em andamento no governo federal. Na quarta-feira (18), Sartori esteve em São Paulo, para participar de um debate sobre a competitividade dos Estados, e falou a ÉPOCA sobre as dificuldades do Estado e suas propostas para superá-las.
ÉPOCA – Desde sua posse, em janeiro, o Rio Grande do Sul enfrenta problemas financeiros sérios. O Estado atrasou salários do funcionalismo, pagamentos a fornecedores e dívidas com o governo federal. Até o 13o dos servidores vai atrasar. O Rio Grande do Sul está quebrado?
José Ivo Sartori – Os problemas não começaram agora. Desde o início da década de 1970, houve apenas sete anos em que o Estado teve uma arrecadação maior que a despesa. Se fosse uma empresa privada, teria muita dificuldade para gerenciar esse processo. Tenho dito que as finanças do Estado não chegaram ao fundo do poço; passaram do fundo do poço. Nós não escondemos a realidade. Fomos às nove macrorregiões do Rio Grande do Sul para mostrar para a população qual era nossa situação, sem atirar pedra para trás. Desde o início do governo, adotamos a transparência e tomamos as medidas necessárias, mesmo que amargas e duras, para resolver o problema. Se alguém está em fase terminal, só analgésico não funciona.
ÉPOCA – Qual é a real situação financeira do Estado hoje?
Sartori – Nossa situação é muito difícil. Da folha de pagamentos, 52% são inativos. O segundo Estado da lista é São Paulo, com 27%. Quando assumimos o governo, se nada fosse feito, a previsão era de um deficit de R$ 5,4 bilhões neste ano, o equivalente a 20% do orçamento. Mesmo com todas as medidas que tomamos, vamos fechar o ano com um deficit de cerca de R$ 3 bilhões, porque a atividade econômica diminuiu com a crise e houve uma forte queda na arrecadação. O Estado também não pode fazer operações de crédito, porque o nível de endividamento atingiu o teto. Temos de nos virar com os recursos de que dispomos. Se eu pudesse emitir títulos estaduais, já teria emitido as Sartoretas, como as Brizoletas (títulos estaduais para financiar a educação) emitidas por (Leonel) Brizola quando foi governador (1959-1963). Mas, de acordo com a legislação, não posso mais fazer isso hoje.
Você precisa fazer log in para comentar.