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Dilma e os “fantasmas” do passado Ao promover a gastança pública e ressuscitar o modelo econômico dos tempos do general Geisel, nos anos 1970, o atual governo atemoriza investidores do Brasil e do exterior

A campanha para o segundo turno das eleições presidenciais mal começou e já ficou claro, para quem ainda tinha alguma dúvida, que a estratégia do PT e da presidente Dilma, candidata à reeleição, será a mesma adotada – com sucesso – em pleitos anteriores, centrada na “demonização” do PSDB e do governo Fernando Henrique. Desta vez, um dos motes da campanha criada pelo marqueteiro João Santana, o número 1 do PT, responsável pela propaganda de Dilma, é o exorcismo dos “fantasmas do passado” – uma categoria capaz de abrigar qualquer crítica contra o governo FHC, que teria sido marcado por recessão, arrocho salarial, desemprego e juros estratosféricos.

Na verdade, quando se analisam com maior cautela os fatos, o que se observa é que o governo de Dilma e do PT é que parece estar ressuscitando os “fantasmas do passado”. O maior deles, sem dúvida, é o dragão da inflação, aquele monstro que os brasileiros julgavam subjugado para sempre e que, de repente, vem dando sinais de vitalidade, graças à política monetária relapsa praticada pelo Banco Central nos primeiros anos do governo Dilma, por interferência direta da própria presidente.

Embora a propaganda oficial mostre que a inflação hoje é menor do que a de 2002, quando FHC deixou o poder, não podemos esquecer de que foi a perspectiva de vitória de Lula e do PT nas eleições daquele ano que levou o mercado a uma profunda instabilidade e estimulou uma fuga de capitais sem precedentes no país, levando o dólar a romper a barreira de R$ 4. Na época, a insegurança entre os investidores era tanta que Lula decidiu, contra as suas convicções, editar a famosa Carta aos Brasileiros, na qual se comprometia a manter a estabilidade e uma política econômica sóbria, sem bruxarias heterodoxas, como o calote na dívida interna, bandeira histórica do PT. Aliado a uma política econômica errática, o relaxamento do combate à inflação no início da atual gestão é que explica, em boa medida, a falta de confiança dos empresários no governo, a queda dos investimentos privados e o crescimento pífio da economia registrado desde a posse de Dilma, em 2011.

Como nos tempos do general Ernesto Geisel (1974-1979), que deixou o Brasil na lona, o governo passou a intervir na economia sem cerimônia. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a quebra de contratos do setor elétrico e a tentativa de redução dos juros a fórceps – uma iniciativa, que, ao final, mostrou-se um fracasso retumbante. Através da escolha arbitrária de “campeões nacionais” e da concessão de benesses a certa empresas e a alguns setores da economia, sem qualquer transparência no processo decisório, o governo Dilma trouxe de volta também a peregrinação dos empresários a Brasília, com o pires na mão — outra prática que se julgava banida para sempre da vida nacional.

A partir da crença de que o Estado pode tudo, a “presidenta”, como gostam de dizer seus subordinados e os militantes do PT, abriu os cofres públicos muito acima do que a sobriedade administrativa recomendaria, mesmo em um cenário de crise econômica. Depois, ela abusou da “contabilidade criativa”, contestada pelos financistas de todas as colorações ideológicas, para tentar esconder os rombos que surgiram nas contas públicas, às margens da Lei de Responsabilidade Fiscal. O resultado é que a dívida bruta do governo federal, que é aquela que realmente conta, por incluir todos os esqueletos escondidos pelo governo, deu um salto nos últimos anos, como mostram os números do Fundo Monetário Nacional (FMI).

Esse estatismo dos anos 1950, ressuscitado por Dilma em seu governo, já não faz qualquer sentido no século XXI. Até a própria presidente e o PT perceberam isso, embora tardiamente, ao tentar elaborar, no apagar das luzes, um programa de privatização de serviços públicos e de concessões que praticamente não saiu do papel até hoje. Diante das contínuas denúncias de corrupção e das revelações do propinoduto escandaloso da Petrobras e de outras estatais, é difícil, praticamente impossível, defender a ideia de que um estado obeso é a melhor opção para os brasileiros e para os pagadores de impostos que financiam a farra.

Para quem não sabe, não se lembra ou não tinha idade para se dar conta do que acontecia, foi esse quadro econômico, ressuscitado pelo governo Dilma e turbinado pela gastança irresponsável de seu governo, que levou o Brasil à hiperinflação e à década perdida, nos anos 1980. Foi esse quadro também que provocou o maior arrocho salarial da história aos trabalhadores brasileiros, criado pelo descompasso entre o reajuste dos preços, que subiam todos os dias, e o dos salários, que só subiam uma vez por mês.

No fundo, esses é que são, de fato, os “fantasmas do passado” que Dilma, o PT e seus aliados pretendem agora atribuir, malandramente, ao governo tucano e a FHC. Apesar de eles não admitirem isso, FHC enfrentou com sucesso o desafio de estabilizar a economia brasileira e de colocar o Brasil de volta no mapa mundial, contra os inúmeros obstáculos erguidos pelo PT, que combateu com todas as forças o Plano Real em seus primórdios. Essa é a realidade. Tudo o mais são quimeras eleitorais sem qualquer relação com a história. Não é por acaso que a Bolsa cai e o dólar sobe todas as vezes que a “presidenta” Dilma cresce nas pesquisas eleitorais.

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