À frente do departamento de América Latina da Moody’s, uma das maiores agências internacionais de classificação de risco, o economista Mauro Leos, nascido no México e radicado nos Estados Unidos, tem a missão de dar a nota que pode atrair ou afastar investidores de países da região. Nesta entrevista a ÉPOCA, Leos faz uma análise detalhada da economia brasileira e diz por que empresários e investidores estão com um pé atrás em relação ao Brasil. Ainda assim, segundo ele, só uma hecatombe fará o Brasil perder o grau de investimento ainda no atual governo. “Tudo é possível, mas terá de acontecer algo extremo para haver um rebaixamento do país”, afirma.
ÉPOCA – Por que a avaliação do Brasil pelas agências de rating mudou tanto desde que o país recebeu grau de investimento, em 2009?
Mauro Leos – Isso tem muito a ver com o baixo crescimento econômico do Brasil nos últimos três anos. Desde 2011, a taxa de crescimento ficou em torno de 2% ao ano. Em 2014, se nossa previsão se confirmar, deverá ficar novamente na faixa de 2%. Serão quatro anos abaixo do que consideramos como o potencial de crescimento do Brasil, de 3% ao ano. Não é uma surpresa quando o crescimento fica abaixo do potencial por um ou dois anos, mas, quando isso ocorre por quatro anos seguidos, é um sinal de que algo não vai bem.
ÉPOCA – Fora o baixo crescimento, o que mais o preocupa na economia brasileira?
Leos – É o crescimento da dívida pública. No Brasil, a dívida bruta sempre foi relativamente alta, na faixa de 55% do PIB, em comparação com outros países com a mesma classificação de risco. Nos últimos 15 anos, a dívida pública ficou acima de 60% do PIB só duas vezes, em 2002 e em 2009, e sempre voltou a cair no ano seguinte. Agora, nossa estimativa é que, em 2013, ela tenha alcançado 60,4% do PIB. Para 2014, a projeção é que volte a crescer, para 61,9% do PIB. Será a primeira vez em que isso acontecerá dois anos seguidos. Então, nossa preocupação se deve principalmente à situação fiscal e ao baixo crescimento do país.
Leia a entrevista completa publicada na revista Época
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