O professor Carl Dahlman, da universidade Georgetown, nos Estados Unidos, é um dos principais especialistas em Economia do Conhecimento. Ex-diretor e ex-consultor do Banco Mundial, foi o responsável pela gestão do programa Conhecimento para o Desenvolvimento, criado para apoiar os países-membros nas áreas de educação, inovação, informação e comunicação. Segundo Dahlman, usar o conhecimento já disponível é tão ou mais importante para o desenvolvimento que a produção de novos conhecimen-tos. O desafio é depurar o que tem valor real no mar de informações existente hoje.
ÉPOCA – Fala-se muito hoje de Economia do Conhecimento. O que é isso exatamente e por que se tornou tão importante?
Carl Dahlman – A expressão Economia do Conhecimento, como o nome já diz, refere-se à produção e ao processamento do conhecimento. Também designa o uso do conhecimento para a geração de benefícios econômicos e sociais. O conhecimento sempre foi algo importante para qualquer sociedade. É um fator-chave não apenas para a produção, mas também para a promoção do bem-estar social. O que acontece hoje é que houve uma aceleração na criação de conhecimento e, com isso, o tema ganhou maior relevância. Além disso, o conhecimento tornou-se global. Todos que produzem conhecimento querem usá-lo em nível mundial, para ganhar escala. É muito importante produzir coisas novas e criar organizações e processos inovadores. Além disso, você também pode aproveitar todo o conhecimento que já existe no mundo para queimar etapas.
ÉPOCA – O que é mais importante: processar e usar o conhecimento que já existe ou gerar conhecimento novo?
Dahlman – Depende. Como o conhecimento acumulado é muito grande, você pode se dar bem caso consiga se aproveitar disso, tanto na parte do bem-estar social quanto na parte da produção. Mas, hoje, como somos inundados por um volume incrível de informações, temos de descobrir o que realmente tem valor. Em geral, o impacto econômico de s usar o conhecimento que já existe é bem maior do que criar conhecimento novo. Uma coisa nova, muitas vezes, não é melhor do que uma que já existe. Os investimentos para criar costumam ser altos, e os resultados podem não corresponder às expectativas. Agora, se seus concorrentes já estiverem alinhados com o que há de melhor, você não terá muita opção. Vai precisar ir além, com a criação de coisas novas.
“A inovação deve ser uma estratégia contínua. Temos de conhecer coisas novas e esquecer o que não serve mais”
ÉPOCA – Como o avanço da Economia do Conhecimento afeta a economia global?
Dahlman – O desenvolvimento é, em grande parte, a capacidade de fazer mais produtos e mais serviços de um jeito mais eficiente. Para isso, como disse há pouco, não basta conhecimento novo. O crescimento depende muito do aproveitamento do conhecimento que já existe. Hoje, tudo é muito mais dinâmico. A concorrência está mais acirrada. É preciso agilizar todo o processo de produção e serviços, ser muito mais flexível. A inovação deve ser uma estratégia contínua. Temos de conhecer coisas novas, novos conceitos e esquecer o que não serve mais. Antes, as coisas eram mais estáticas. As novidades não apareciam com tanta freqüência. Quando surgia uma coisa nova, você tinha mais tempo para aproveitar o lucro que ela gerava, antes de lançar outra novidade no mercado.
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