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“Brasileiro gosta de Estado grande” O economista Tony Volpon, que deverá assumir a diretoria de Assuntos Internacionais do BC, afirma que, no país, não existe um partido de massas que proponha diminuir o Estado de bem estar social

Depois de cinco anos em Nova York, como diretor executivo e chefe de pesquisas para mercados emergentes da Nomura Securities, uma das maiores corretoras do Japão, o economista brasileiro Tony Volpon, de 49 anos, deverá ser o novo diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC). Primeiro representante do sistema financeiro indicado para a diretoria do BC desde o início do governo Dilma, em 2011, Volpon foi recomendado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para ocupar o lugar de Luiz Awazu, que deverá ir para a diretoria de Política Econômica, em substituição a Carlos Hamilton, que está de saída a pedido. Autor do livro A Globalização e a política: de FHC a Lula (Ed. Revan), Volpon agora deverá ser sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e ter seu nome aprovado pelos senadores.

No início do ano, antes de saber de sua ida para o BC, Volpon conversou com ÉPOCA sobre a decisão do governo de aumentar impostos para reduzir o rombo nas finanças públicas, decorrente da gastança irresponsável promovida pela presidente Dilma Rousseff em seu primeiro mandato. Nesta entrevista exclusiva, você poderá conferir as ideias de Volpon sobre a economia e a política no país.”Brasileiro gosta Estado grande”, diz. “Quando escolhe ter um Estado desse tamanho, com a carga tributária que tem, há um impacto no potencial de crescimento econômico.”

ÉPOCA – Para reequilibrar o orçamento, o governo decidiu recorrer ao aumento de impostos. Em vez disso, o governo não deveria apertar o cinto e cortar suas despesas?
Tony Volpon – Infelizmente, é algo necessário no momento. Não há muito que se possa fazer em relação a isso. O Brasil tem uma estrutura fiscal muito rígida para poder cortar gastos rapidamente. Para contornar o efeito negativo da política fiscal praticada nos últimos anos, o governo tem de recorrer ao aumento de impostos. Não há como fechar a conta de outra forma. Parte da explicação para a deterioração fiscal é que houve um grande redução de impostos, por meio das desonerações. Mas a tentativa de estimular a economia e fortalecer a indústria com essa política não se mostrou muito eficaz.

ÉPOCA – Em sua opinião, faz sentido o governo promover uma gastança absurda e depois jogar a conta em cima da sociedade?
Volpon – O problema é que essa situação, construída por todos os governos desde a adoção da nova Constituição em 1988, tem apoio da sociedade. A sociedade escolhe Estado grande para promover transferência de renda. O próprio resultado das eleições do ano passado mostrou que a sociedade não quer mudar isso. Então, tem de fazer ajuste fiscal via carga tributária mesmo.

Leia a entrevista completa publicada no site da revista Época