O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, tem uma visão diferente da maioria de seus pares sobre o futuro do país. Segundo Trabuco, o Estado deve ter um papel essencial na economia, para que o Brasil possa prosperar nos próximos anos. Confira os principais trechos da entrevista concedida a ÉPOCA, para o especial O Brasil em 2020.
ÉPOCA – Como será o país em 2020?
Luiz Carlos Trabuco Cappi – Hoje, o Brasil é um dos países com as perspectivas econômicas mais promissoras. Diria até que levamos certa vantagem em relação aos demais países do Bric (Rússia, Índia e China): o Brasil desenvolveu um modelo econômico e social com uma convivência do setor público e do privado mais arraigada que eles. Há também o Bolsa Família, que nos permite criar um modelo socialmente mais justo. Em geral, analisa-se a questão do ponto de vista ideológico – privatista ou estatizante. Não é assim. São coisas complementares.
ÉPOCA – Em sua opinião, o Estado terá um papel importante para o país…
Trabuco – O grande desafio é manter o crescimento econômico. Esses planos de ação idealizados pelo governo, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê um investimento de mais ou menos R$ 600 bilhões até 2011 e depois de mais R$ 500 bilhões, serão essenciais. Temos de resolver os gargalos nas áreas de infraestrutura, logística, habitação, previdência social. Isso é fundamental para ter um custo competitivo e enfrentar os desafios de 2020. O custo da logística no Brasil, que é o custo para transportar riqueza, é de 13% do PIB. Nos EUA, ele é de 8% do PIB. Na área habitacional, há um deficit de 8 milhões de moradias. Na Previdência, o benefício mensal deveria ser igual à renda média do país. Mas chega a R$ 2.500, mais que o dobro da renda média da população.
ÉPOCA – O Estado tem condições de resolver tudo isso até 2020?
Trabuco – Olhando o que aconteceu nos últimos dez anos e projetando para os próximos dez, acredito que sim. Vamos passar por um período de ascensão e mobilidade social. Isso vai fazer a diferença. Em 2030, o Brasil terá cerca de 230 milhões de habitantes. Se a população ativa for 60% do total, teremos um mercado consumidor de 140 milhões de pessoas, 55 milhões a mais que hoje.
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