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“A Marina fez da questão ambiental uma religião” A senadora Kátia Abreu diz que a candidata do PSB sempre tratou o setor com agressividade e elogia a presidente Dilma: “Criei uma interlocução com ela”

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) é uma das principais porta-vozes do agronegócio. Sua atuação no Congresso em defesa do novo Código Florestal, aprovado em 2012, e contra a criação de áreas de preservação sem dotação orçamentária a aproximou da presidente Dilma Rousseff – e despertou contra ela a ira dos ambientalistas. Segundo Kátia, a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva, indicada como candidata a presidente pelo PSB na semana passada, sempre tratou o agronegócio com antipatia e terá dificuldades para manter o apoio conquistado pelo ex-governador pernambucano Eduardo Campos no setor. “Infelizmente, perdemos Eduardo, e agora Marina é candidata”, diz Kátia.

ÉPOCA – O agronegócio nunca teve boas relações com a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva – e vice-versa. Como a senhora vê a confirmação da candidatura de Marina à Presidência?
Kátia Abreu – Essa desconfiança e essa rejeição do agronegócio em relação a Marina foi ela mesma quem criou. Ao longo de sua vida, ela sempre teve um ativismo ambiental muito forte e uma forte antipatia pelo setor. Ela cultivou essa animosidade de forma proposital, nos tratando com agressividade. Sempre digo que quem planta soja colhe soja; não colhe milho, não. Essa postura que ela teve no passado vai prejudicá-la muito agora, com essa parcela do eleitor.

ÉPOCA – Como essa antipatia de Marina se manifesta?
Kátia – O melhor exemplo que podemos dar foi a mudança do Código Florestal brasileiro, em 2012. Ela simplesmente se recusou a dialogar com o setor. Fincou o pé contra todas as modificações. Numa democracia, a gente tem de ser aberto ao diálogo, principalmente quem pretende governar um país. Os produtores rurais procuraram abrir o coração para sair do radicalismo, mas não havia disposição para conversar. O comportamento da ex-senadora Marina Silva, criticando os produtores rurais, sempre prejudicou nossa imagem nos centros urbanos e também no exterior. Gerou uma imagem nossa de destruidores de meio ambiente e trouxe prejuízos inestimáveis ao país. Durante o período em que ela ficou à frente do ministério (2003-2008), houve uma imobilidade total na área ambiental.

ÉPOCA – Quais são as críticas do setor em relação a Marina?
Kátia – A maior crítica que o agronegócio tem em relação a ela é pelo seu radicalismo. Ela fez da questão ambiental um dogma, uma religião. Esse é o principal motivo. Ela se recusa a dialogar e a abrir sua mente para outras situações que a sociedade demanda. O Código Florestal não ficou perfeito, mas foi possível, porque, numa democracia, todos temos de ceder para a sociedade poder avançar. Ninguém tem absoluta razão sobre nada. Mas ela não quis entender isso. Começou a dizer que o novo código é um retrocesso – e repete isso sem explicar o que quer dizer, sem apontar o artigo, o inciso, o parágrafo que a incomoda, para a gente ver o que pode ser feito. Alguém com o peso dela na área ambiental dizer que o código é um retrocesso beira a irresponsabilidade, porque não é verdadeiro.

Leia a entrevista completa publicada na revista Época