O PT pode ser acusado de tudo menos de incoerência. A manobra proposta pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso Nacional, para sancionar os descalabros fiscais de seu governo, encaixa-se perfeitamente na trajetória do partido.
Pode parecer um exagero, mas não é de hoje que o PT dá de ombros para o equilíbrio do orçamento e flerta com a gastança indiscriminada, em nome de um suposto benefício social que isso traria ao país. Exceto por um breve período no início do primeiro governo Lula, durante a gestão do ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o PT tem se mostrado tradicionalmente refratário a qualquer política que inclua o corte de gastos e a austeridade administrativa na pauta econômica. Quem não se lembra de quando o PT votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada pelo Legislativo em 2000, apenas para “marcar posição”, como era praxe nos tempos em que fazia oposição sistemática ao governo FHC, mesmo quando se tratavam de iniciativas claramente benéficas para o país?
Enquanto o PT e Dilma não aceitarem que a teoria econômica ainda não inventou uma mágica para combater a inflação sem qualquer custo para a sociedade, teremos de continuar a engolir a “contabilidade criativa” oficial – uma técnica desenvolvida pelos governos petistas de forma nunca vista na história desse país, para tentar esconder – felizmente, sem sucesso – a gastança irresponsável. O impacto negativo que isso possa ter no bolso dos brasileiros parece não ter muita importância para eles. A ironia é o PT ainda se auto-intitular como “legítimo representante dos trabalhadores” e Dilma dizer que seu governo é voltado para o povão. Um dia a conta chega – como já está chegando – e quem vai pagá-la seremos todos nós.
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